quinta-feira, 7 de abril de 2011

Votar em Democracia

Eu conheci a democracia aos 19 anos, a minha personalidade já estava formada, rebelde, teimosa, curiosa, em fim, tal e qual como sou hoje. Tinha uma idea do que era possível fazer e dizer quando se era livre, mas nunca o tinha experimentado. No inicio não correu muito bem, achei que era demasiado irrespeitoso que se falara mal do primeiro ministro na tv e que no parlamento os diputados se ofenderam uns aos outros, etc, demasiada informação para uma mente então tão estreita como a minha.
 
Depois a fase da negacão, onde ninguem podia falar mal do meu país (só eu podia dizer as maiores barbaridades dele) mas ficava furiosa se fosse outra pessoa a realçar os problemas da minha isla. Uma espécie de paternalismo, ridículo porque ninguém  conseguia ser mais dura nas criticas que eu, mas sentia-me com legitimidade para tal e era pouco receptiva quando as criticas vinham de fora, principalmente no tema "o turismo sexual na isla".


Bom, apos esta turbulência emocional, comecei a ser razoável, mas não por muito tempo, lamentavelmente a razoabilidade não é uma qualidade que posuo quando se trata do tema de Cuba. Foi então que conheci ao verdadeiro Ché, até então era um heroe, um exemplo de vida, como me tinham ensinado na escola. Comecei a conhecer o trabalho da dissidência cubana radicada em Miami, e assim radicalizei a minha posição em relação a isla. Agora quando aparece um comentario como "la medicina é gratuita em Cuba" me apressuro a responder "ainda não sabes o alto preço da gratuitidade".  Sem liberdade até a mel é amarga.

Em democracia as coisas não são perfeitas. Aprendi que votar não significa eleger, significa apenas dar o voto em favor de um candidato, tambem não significa que o candidato que ganhou o nosso voto reflicta 100% as nossas ideias, até muitas veces  as reflectem bem pouco, mas mesmo assim é melhor que a concorrencia. Tenho notado que as pessoas tendem a votar por um "nome de um Partido"  (exemplo: sou Patido tal desde pequeno)e partem do principio que eles pertecem a mesma linha de pensamentos que esse partido ou vice-versa, tal e qual um adepto de um clube de futebol, mas esse voto pouco esclarecido vale como o teu, que lestes os programas eleitorais antes de formar uma opinião, e temos de ter paciência. Sabemos que os candidatos mentem, mas a parte boa é que temos os meios para contestar la mentira, podemos dizer que sabemos que é mentira e reflectir o desagrado nas urnas.

Aos meus amigos portugueses,  façam uso do voto para tornar mais forte a democracia, escolham os seus representantes directamente, porque não escolher é também uma escolha. Esta na hora de reerguer o país. 

É a primeira vez que eu posso votar em democracia, mas lamentavelmente estou longe e não podré  regressar a tempo, fica-me um sabor agridoce, porque sempre esperé este momento, mas fico bem, porque sei que terei tempo de exercer esse o meu direito.

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