segunda-feira, 14 de novembro de 2011

Memórias

Quer queira, quer não sou algumas vezes inundado por memórias, boas e más.
E , penso que como todos nós, deixo que as mesmas me invadam, mais ou menos, dependendo do estado em que me encontro.
Lembrei-me disto amiga , ao ver o tabuleiro que colocaste no facebook com a «merenda» que recebiam em Cuba.
E, neste tempo de crise, em que todos sentimos um aperto por não saber o que nos espera, lembrei-me ;
de ser miúdo e ir para a escola e ter colegas que iam descalços em pleno Inverno - e faz frio na minha aldeia, muito frio,
de levarmos todos um pedaço de lenha para acender a lareira da escola primária,
de não termos sequer cantina quando comecei a estudar no ensino preparatório, hoje 5º e 6º anos de escolaridade,
de até ao nono ano ter tido aulas em pavilhões de madeira, e mais uma vez o frio no inverno e também o calor abrasador no verão,
e de a cantina servir todos os dias feijão com qualquer coisa -foram tantas as vezes que a minha memória me diz que foram todos os dias,
e de tantas e tantas coisas que faltaram aos meninos da minha geração, e de outras gerações anteriores,
e da necessidade de vir trabalhar para perto das grandes metrópoles porque no interior não havia trabalho,
e depois houve uma revolução disseram na rádio e na televisão,
e falou-se da paz do pão
da saúde e
da educação,
e que nunca nada mais seria igual no meu país
memórias,
só isso.



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