sábado, 22 de outubro de 2011

Muammar al-Gaddafi está morto



As imagens hoje são outras e a minha opinião sobre elas também, hoje é visto a um homem desarmado, ferido e assustado esmolando clemência mas que a pesar disso foi assassinado. No me esqueço quem foi esse homem, nem mais nem menos que um cruel ditador sob o qual pesava um mandato internacional de captura e prisão por crimes contra a humanidade. Apenas estou a lamentar profundamente que os rebeldes líbios não tenham tido a confiança e a dignidade necessária para deixa-lho vivo e entrega-lho a um tribunal para ser julgado. Mas também, quem são esses rebeldes? Y más especificamente este grupo que capturou ao ditador? 

Entre os combatentes líbios se encontram estudantes universitários, trabalhadores da construção, ex-militares, desempregados, islamistas, etc. Eles nem sequer são um exército, apenas estão ligados por uma causa comum e contam com apoio financeiro das potências mundiais para adquirir material de guerra e pretender ser uma força coesa que liberte o país. Me pergunto se a eles, logo de mais de oito meses de combates e sem serem militares ensinados e treinados para cenários de guerra, se lhes era exigida uma postura profissional como essa? Não creio que esse grupo de pessoas sofridas e sedentas de vingança estejam preocupadas com aquilo que pensamos os ocidentais desde a comodidade das nossas democracias e muito menos nesse momento de euforia e confusão. 


Por mi parte lamento o sucedido,  numa primeira análises assim não o senti, mas agora sim. Não pelo destino do falecido, porque julgo que num tribunal líbio não iria ter melhor sorte, mas pelo mão exemplo que esta execução passa a população e a opinião pública internacional. Tampouco creio que seja justo condenar já a revolução líbia ao fracasso a raiz deste incidente que apenas têm essa relevância internacional pela figura de Gaddafi, porque todos estamos cientes que atropelos à vida idênticos e piores se realizam nos cenários de guerra até com civis inocentes. 


Eu diria que a prova maior sob a integridade  dos revolucionários líbios está por vir, é necessário bom senso e muito esforço para que o país se levante das cinzas e a democracia floresça. Toda a sorte do mundo aos Líbios, tomara que os cubanos sejamos capazes de aprender com o sucedido para o dia que nos chegue a nossa liberdade.

quarta-feira, 19 de outubro de 2011

Confissões








Vou começar fazendo uma história para que possam compreender o que voz quero confessar. 

Este era um concurso cujo premio era de um milhão de dólares para a pessoa que conseguisse atravessar uma piscina cheia de crocodilos esfomeados. O local estava cheio de jornalistas e curiosos que queriam testemunhar o momento da proeza, caso esta sucedera. Já somavam varias as pessoas que tinham sido devoradas pelos crocodilos y a malta estava a ficar desanimada. De repente um desconhecido aparece na piscina saltando por cima dos animais, nadando, batalhando aparentemente seguro para tentar sair ileso, mais com cara de susto e de medo que de herói, quase nem sabia nadar e sem saber como, logro atravessar a piscina sem ser engolido pelos crocodilos. Quando chegou à outra margem para além do premio o esperavam os jornalistas para tentar tomar algumas declarações do ainda assustado herói  - Diga-nos lá quais são as suas primeiras palavras depois desta proeza?  A o que o que ele responde: só quero matar ao desgraçado que me empurrou para a piscina!.

Esta é mais ou menos a minha história, nos meus planos não estava ser aquela mulher cosmopolita que têm uma meta definida na sua mente e que faz tudo para conquista-la. Sair da minha pequena ilha para um país desconhecido, onde se fala uma língua até então desconhecida para mim, estudar uma carreira difícil como direito, depois decidir atravessar o oceano para acercar-me novamente à família e por conseguinte ter  de aprender outro idioma e refazer outra vez a minha carreira. Reaprender com outras culturas e ter de adaptar-me a uma forma de vida completamente diferente ao até aqui conhecido não foi nunca um objectivo de vida para mim, eu sou aquele que alguém empurrou para a piscina e desesperado nada, salta e corre o melhor que pode e sabe, para poder sair ileso desta situação. 

Nos meus sonhos de adolescente eu era uma mulher pacata, que iria ter vários filhos porque sempre odiou o facto de ser filha única. Uma casinha com um jardim e um cão. Agora que me conhecem assim aparentemente aventureira e corajosa vocês poderão pensar  que isto é mentira, mas eu vos garanto que é a pura verdade. E ainda me sinto mais frustrada porque tudo o que é feito é para conseguir a tal casinha, com os filhos o marido e o cão e resulta que as minhas opções me afastam cada vez mais. É contraditório pêro é certo. 

Não me arrependo porque não sei outro caminho, tentei sempre levantar-me dos mãos momentos e retomar o ritmo guiada por aquilo a que designam como “bom senso”. Muitas vezes sabendo que na caminhada deixava muito pouco espaço e tempo para que o sonho acontecera, mas não me quedava de outra se não acreditar que para além dos nossos desejos de ser, existe algo que se chama destino, e que esse faria por mim aquela parte que se escapava do meu controlo.

Agora aqui estou a fazer a mesma caminhada, talvez a cometer o mesmo erro de dedicar à minha energia e o meu tempo à mi carreira sem sair a buscar a minha casinha e as minhas metas pessoais… mas lá está, não sei fazer diferente. Com razão os meus amigos me apelidam de teimosa!.

terça-feira, 18 de outubro de 2011

Un mundo sin fronteras, sin autorización de residencia

Hay que pasar por las experiencias en primera persona para poder entender lo que está en juego cuando se restringen o se condicionan los derechos de un ser humano y es que curiosamente la mayoría de las veces la escusa es preservar el derecho de otro ser humano.  Será que el puesto de trabajo que ocupa un Ucraniano en un restaurante de Lisboa puede ser visto como un puesto de trabajo menos al cual un nacional portugués puede optar? Y un mexicano que trabaja como camionero en California le está vedando la oportunidad a un ciudadano americano de tener ese empleo? Un abogado brasileño trabajando en una firma de petróleo en Luanda, pago a precio de oro, priva a un angolano, también formado en derecho, de ocupar ese lugar?. Una cosa yo les garantizo, la respuesta a estas cuestiones depende de la posición en que uno esté o halla estado a lo largo de su vida. Lo digo por experiencia porque ya estuve en las dos. 

Cómo puede un ciudadano de Cierra Leoa escapar de la armadilla de la pobreza, que lo atrapa en su país, si ningún país le da una visa para emigrar?.  En Zambia el 86% de la población vive en la pobreza extrema, si un ciudadano de este país llega al primer mundo y no puede legalizarse y conseguir un permiso de trabajo él nunca podrá dar el paso que desesperadamente busca para invertir su situación. Una joven guatemalteca que quiera huir de un destino pobre y sin educación en su país de origen y soñar con vuelos más altos para su futuro, como hace? A que puerta va a pedir ayuda?. Tiene que un cubano vivir en Cuba y someterse a las restricciones de los derechos fundamentales en la Isla solo porque nació allí?.

Yo no sé las respuestas a estas preguntas, ni idea de cómo ellas se podrían solucionar sin afectar la paz social de los que cómodamente están del otro lado. Cuando uno está en la situación de los que “solo no haces si no quieres” suele no pensar en estas cuestiones, pero cuando se cambia de bando y engrosa las filas de los que “ojalá me dieran la oportunidad” suele cuestionarse  sobre si esta es la actitud correcta de los que supuestamente son los más civilizados. 

No se necesita un milagro para cambiar el mundo. Los empresarios, los banqueros, los burócratas o los policías no son seres de otro planeta, somos nosotros mismos, es el vecino, el cuñado o el novio de una amiga. Si comenzáramos por dar cada uno de nosotros una oportunidad, facilitando y contornando obstáculos injustos, a quién más necesita seria ya un gran paso. No me refiero a una limosna, no. Me refiero a la oportunidad de trabajar, de estudiar, de reconocer un error y poder retomar una vida normal a veces cosas tan simples como una información certera puede hacer la diferencia en la vida de una familia  y para eso no es necesaria una ley sino apenas la buena voluntad.

Ese mundo sin fronteras y sin autorizaciones de residencia está lejos, pero dentro do nuestro mundo personal y profesional él puede NO ser algo así tan imposible. Si todos intentamos cambiar lo que está a nuestro alcance, que así visto parece poco, el resultado final será la suma de todas las buenas acciones con un resultado satisfactorio para todos. El bienestar no es un recurso escaso (al contrario de la tierra, del dinero o del oro), no es por tu vecino estar muy feliz que tus posibilidades de ser feliz disminuyen, al contrario, el bienestar de los que te son cerca contribuye para el tuyo :)

terça-feira, 4 de outubro de 2011

O curso o dinheiro e o mercado de trabalho

Este post vai dedicado aos meus colegas  portugueses que, por nunca se terem aventurado a estudar ou trabalhar por este mundo fora não (re)conhecem os benefícios de uma educação quase gratuita como a que existe em Portugal.

Como todos sabem eu fiz a  minha licenciatura na Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa, uma universidade pública, mas nem por isso, uma universidade sem prestigio, antes pelo contrario, muito bem situada no ranking nacional. A faculdade tem um custo moderado de aproximadamente  1000€ por ANO. O que faz o curso de direito rondar os 4000€ (estes números apenas dizem respeito a fees) a este monto temos sempre que somar os livros, as refeições e até o custo de oportunidade que resulta ser estudante quando podíamos já estar a 100% no mercado de trabalho. Nada é impossível, eu fiz o curso trabalhando a full time e não sou nenhuma heroína, muitos dos meus colegas estavam na mesma situação e levamos a carreira avante. A barreira do idioma também me perseguia, direito é por natureza exigente na linguagem que requer, mas nada que o Word não ajude a solucionar  e também a rotina do dia a dia que te obriga a aprender.   

Segundo tenho entendido uma Pós-graduação, em Portugal, (ex. em direito do trabalho) ronda os 2600€ e o mestrado custa ao mestrando 2000€. Ora um licenciado ou um mester, será sempre um licenciado ou um mester, com toda a grandeza que tais títulos aportam a um curriculum vitae, no importa donde haja estudado porque a universidade mais que um destino final é uma prova de obstáculos que depois de feita te da um background que, na minha opinião deveria ser lida assim pelos empregadores: “ esta pessoa dedicou 4 anos da sua vida a estudar sob questões que provavelmente nunca mais vai a ouvir falar, a responder perguntas que nem os seus entrevistadores entendiam, leio tantos livros cheios de teorias obsoletas que, neste momento,  a sua mente está aberta e pronta para aprender verdadeiramente sob a profissão”. Sobre o exposto anteriormente apenas me resta concluir que vale a pena estudar e aproveitar o quase bónus que um estado do tipo social proporciona em termos educacionais.  

No caso de Portugal o que desincentiva é principalmente o mercado de trabalho que não absorve eficientemente aos profissionais que estão do lado da oferta. Estou longe de ser uma esperta na matéria, apenas expresso-me com base na minha experiência e no sentimento de insegurança dos que me rodearam no tempo que ali vivi. “fazer uma licenciatura para vender pizza, prefiro ficar quieto” incontável foram as vezes que escute esta frase, mas que a mim nunca me confundiu  porque, no estudar, nunca foi opção. Más é verdade que é um mercado muito pequeno, quase tão pequeno como a visão e  pouca abertura da maioria dos empresários locais. Não vou deter-me neste ponto por muito, apenas vou dizer ao respeito que, hoje vivendo numa das cidades mais multiculturais do mundo me dou conta como é desaproveitada em Portugal a riqueza da diferença.  Se criam muros como “estes brasileiros”  ou “esta gente de Europa do Este” que confortam à uma maioria nacional que está dormida no tempo. A legislação laboral, outro monstro, que trava a dinâmica natural do mercado e prejudica os recém-licenciados, a rigidez e o corporativismo obsoleto das ordens, com destaque para a ordem dos advogados. 

Voltando então aos estudos, na semana passada dei uma olhada as hipóteses que tenho de prosseguir os meus estudos na área de direito aqui nos EUA  . O primeiro é o inglês, é evidente que tenho de ter um bom inglês e disso vou tratar já de seguida.  Aqui, a carreira de direito, (assim como a de medicina) é feita de maneira diferente, os aspirantes as universidades de direito tem que ter um bacharel numa outra qualquer especialidade, ou seja, uma licenciatura em economia, filosofia, artes, história, no importa em qual, mas tem de ser terminada para o aluno candidatar-se à  law school.  Esta diferença é notável já que a formação de um Juris Doctor  JD(este é o título de um lic. em direito nos US e no Canada) aqui é de aproximadamente oito anos e a nossa é feita em quatro. Contudo, eles tem uma maestria própria para os lic. em Direito que hajam cursado a sua lic. no estrangeiro é um LL.M

Um LL.M (latin legum magister) é um mestrado que tem como duração um ano e que permite a  “Admission to the bar in the United State” (tipo ordens dos advogados) mas apenas em 15 estados nos quais não se inclui o Florida Bar. Com apenas um ano de estudos e se passo o exame do Bar, posso exercer Direito Federal em qualquer Estado e Direito Estatal em 15 estados.  Esta opção é interessante principalmente por ser "uma via rápida" mas custa 38600$ sem incluir livros nem quaisquer material de estudo.  Outra opção é uma escola pública que é o mais barato que existe na Florida e que tem um custo módico de 16000$ por ano para realizar um JD que no meu caso levaria dois anos e meio aproximadamente a ser concluído. Esta opção não tem restrições na hora de apresentar-se ao exame do Bar nem a hora de exercer em quaisquer estado.  Evidentemente que a entrada a esta Universidade pública é dificultada por três exames de admissão e é necessário provar que és residente da florida há pelo menos um ano. 

Imagino que agora entendam porque dou tanto valor à formação académica patrocinada pelo Governo. Seja como for, não fiquem assustados como eu fiquei, o governo de US empresta o dinheiro para tal, até concede prestamos para que possas viver sem trabalhar o tempo que estas a estudar a uma taxa de aproximadamente 4%.  Aqui se vive assim, com números muito grandes que deixam a qualquer pessoa “normal” com os cabelos em pé, mas no final é porque eles apenas estão interessados em ensinar-te a gerir as tuas finanças não vão a exigir-te muito por mês na hora de pagar. Eu acostumo a pensar que este é só um país com uma grande inflação onde se ganha muito mas se paga muito por qualquer coisa e tudo para impressionar ao mundo com os números finais loool. Ainda me lembro quando cheguei a Portugal há dez anos e alguém me pediu cinco mil escudos por um almoço, cinco mil era um número muito grande para mim nessa época e pouco depois passou a ser apenas cinco contos…