quinta-feira, 8 de setembro de 2011

Anexar Cuba aos EUA… sim ou não?



No outro dia dei comigo a desejar que Cuba se anexara  aos EUA, no mesmo momento em que coloquei esta  reflexão na minha página de facebook  surgiram vocês em contra, curiosamente nenhuma cubana (o que prova o pouco caso que os cubanos fazem das minhas meditações).  O debate foi também adornado por uma observação que me foi dirigida, na hora me pareceu até broma “não te renoves tanto ao ponto de já não saberes quem és”. À essa  segunda questão  atrevo-me a responder,  que eu sou um delicioso mix de culturas! lol mas e à outra questão? É uma loucura anexar a minha ilha ao eternamente odiado embora muito desejado  imperialismo Yankee?.

Declaração de interesse:
Com isto que vou a expor de seguida não quero ser interpretada no sentido do meu assentimento a esta questão, embora ela não me repugne, não tenho nenhuma opinião ainda formada ao respeito. Fica assim claro. Também quero expressar que há 10 anos atrás, quando saí do meu país, esta ideia era impensável para mim, tinha uma lista intermináveis de reproches que fazer  aos EUA, imagino que produto  da lavagem cerebral a que nos  submetem em Cuba. Mas agora isso está ultrapassado e até simpatizo com eles, não porque vivo neste país, mas porque aprendi a respeita-los por pequenas coisas que constato e que inquestionavelmente admiro, como o facto de  terem um presidente negro o que diz muito deles, porque são uma nação feita de emigrantes onde todos são bem-vindos, todos têm oportunidade de aportar o seu melhor e contribuir para o crescimento do país, onde nenhuma criança fica sem ir à escola porque os pais são emigrantes ilegais, porque aqui só a policia de emigração está autorizada a pedir provas sobre o status legal e mais ninguém.  Porque acolheram ao meu povo com os braços abertos e nos respeitam mais que na nossa própria pátria. Porque foram eles que atravessaram o oceano Atlântico para ajudar a Europa a livrar-se de Hitler. Porque os seus cidadão podem ser muito ignorantes em muita coisa, mas por cima de tudo amam a seu país e a sua bandeira,  jamais padecerão de auto-estima baixa em relação à sua cidadania. Gosto disso. Também tenho uma lista mais ou menos extensa de coisas das quais discordo, evidentemente.

Aclaração:
Reparem que estou de propósito a esquivar questões polémicas como as invasões e as guerras em que EUA se há envolvido e o faço porque estou certa que escuros e grandes interesses florescem detrás da posição oficial de cada país  e porque são questões que desconheço completamente. Prefiro sustentar a minha opinião em coisas palpáveis que qualquer pessoa pode constatar, ou seja, reduzindo-me à minha  insignificância.

A questão principal, a anexar ou não a Cuba aos EUA?
Não é um tema novo, pelo contrario, desde os longínquos 1773 os documentos da época referiam-se as ilhas do Caribe como “apêndices naturais do continente americano”. No decorrer dos anos 1800 desde a presidência de Thomas Jefferson  existiram correntes  a favor e em contra de um anexo politico entre o continente a maior das antilhas . Na disputa dentro da ilha entre os que queria a união e os republicanos ganharam estes últimos com destaque para representantes  importantes da nossa história como José Martí, mas os tempos eram outros, não existia a globalização. O discurso imperante na ilha nos últimos 52 anos há enfatizado a necessidade de preservar a independência nacional e como resultado do incansável esforço dos des–governantes de turno na ilha, resulta que  para qualquer cubano de a pie seria  impensável esta união estratégica.


O que nos une?, eu diria que muito, uma história em comum, não necessariamente cor de rosa. O mais recente; Um saldo de 300 mil cubanos desaparecidos no estreito da florida querendo chegar a terras dos EUA, mais de um milhão de cubanos residentes na florida que hão conduzido a política desta região por muitas décadas preservando inalteradas as tradições cubanas e com a aceitação e concordância dos residentes locais. Muita história em comum a nível económico, social e político antes do golpe de estado de Fidel em 1959. Actualmente a Florida e mais especificamente Miami vive como uma província de Cuba as leis estão feitas de modo que nos sintamos em casa ou melhor que em casa. È suficiente?, não sei… Será que nos convém? Tanto socialmente como economicamente eu diria que sim… 


Memória histórica!, o que é isso?,  nós primeiro fomos colónias dos espanhóis, depois dos EUA e por último propriedade privada de unos bandidos, saqueadores,  que ainda não conseguimos expulsar de lá (a história nos mostra que os cubanos não temos sabido governar a nossa bela ilha, nunca).  Espanha a nossa madre pátria leva 52 anos com paninhos quentes para com os nossos verdugos, EUA não!.  Independência?! Podíamos adoptar um estatuto similar a o de Porto Rico que têm a sua bandeira, a sua língua, preserva a sua cultura, é um país independente em certâmenes oficiais, etc, mas é parte dos EUA utilizam o mesmo passaporte têm todas as oportunidades e ajudas económicas que qualquer estado dos EUA (são o país de latinoamérica com o maior ingressos percápita). Porque não?


Sozinhos é possível? O cubano é especialista em sobreviver, mas é preciso muito mais que isso para levar as rendas de um país. O cubano é trabalhador, basta ver por todo o mundo os cubanos emigrados para constatar que são empenhados  e inteligentes pêro somos rebeldes, sem habito de obedecer, sem cultura de hierarquia, faz-me lembrar os Russos que circulam pela Europa  e em geral todos os inadaptados socialmente provenientes dos países ex-comunistas. Receio que um cenário de anarquismo ensombre e  dificulte a paz social indispensável para a transição democrática. A nossa ilha têm alguns recursos naturais temos níkel, cobalto, boa terra fértil y um grande potencial para o turismo, sem ser nenhuma especialista no assunto me atrevo a afirmar que é um país potencialmente viável economicamente sempre e quando seja estável. 
Estou certa que é possível sozinhos, mas não seria a mesma coisa!.  

3 comentários:

  1. Primeiro que tudo importa que eu faça uma prévia declaração de interesses.
    Pertenço a um pequeno país que lutou muito para ser independente e onde, volta e meia, há ideias peregrinas de uma união ibérica. Os motivos não são muito diferentes dos que tu identificas, mau grado termos 900 anos de história e Cuba ser um País recente, tal como os EUA, também eles uma antiga colónia ( e com alguns traumas mal resolvidos, diga-se de passagem.)
    Como te disse, prezo muito esta «coisa» da nacionalidade. Gosto de ser português. Aliás gosto muito de ser português. Daí toda a minha confusão quando tu pões sequer a hipótese de perder um estatuto que com toda a certeza custou muito a adquirir a antepassados teus.
    E teres um estatuto como Porto Rico ? Porto Rico é quase como que um protectorado (tanto quanto sei) e os porto-riquenhos não são certamente estadunidenses de primeira.
    Minha amiga, podes arranjar mil motivos (quase sempre económicos....), mas para a economia, temos o mercado.
    É a minha opinião expressa em 5 minutos , com pouca reflexão e muita alma, dado que como disse no inicio, este assunto não me oferece dúvidas.
    Viva Cuba independente e um dia, Livre.

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  2. Também concordo contigo, como te digo não me repugna a ideia mas também não é que seja o meu desejo. Para mim seria um gosto que os cubanos falemos de tudo abertamente e que um dia por fim tenhamos as riendas do nosso próprio destino como nação!.

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  3. Eu não acho assim nenhuma desonra, é evidente que falamos de uma aliança político-económica (geográfica está fora de questão jajaja) e é que hoje os conceitos são diferentes aos do tempo da colonização, ninguém pretende agora impor a sua cultura ou a sua língua aos “aliados ou “alienados” se trata apenas de concertarem uma estratégia comercial que goze de uma estabilidade politica entre dois territórios onde, logicamente, o mais poderoso dita as regras do jogo e o mais pequeno as acata em troca de segurança e estabilidade. Me parece um bom negocio até! loool

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